Natal

Publicada em 26 de dezembro de 2023

Novo artigo de nosso sócio Diretor, Dr. Olindo Barcellos da Silva, publicado no Jornal Gazeta Mineira do dia 22/12/2023

É certeza que Jesus Cristo não nasceu no Natal. No século IV d.C., a Igreja Católica é que instituiu a data de 25 de dezembro como o dia do seu nascimento. A escolha teve o objetivo de cristianizar uma festividade pagã conhecida como “Sol Invictus”, que celebrava o solstício de inverno (a noite mais longa do ano, no hemisfério norte) por volta de 21 de dezembro. O Imperador Constantino, que se converteu ao Cristianismo em 313 d.c. e abriu as portas para sua transformação na religião de Roma, foi quem reforçou a fixação da data, justamente para combater festas pagãs, numa fusão do culto solar com o culto Cristão.

Constantino publicou o Édito de Milão, lei que garantia liberdade para cultuar qualquer Deus, cessando a perseguição aos cristãos, o que seria fundamental para a futura e iminente conversão total do império romano à religião católica. As narrativas bíblicas evidenciam que não poderia ser o Natal a ocasião do nascimento de Jesus. Vem no Evangelho de Lucas, a história dos pastores que, enquanto vigiavam rebanhos ao relento, foram avisados por anjos sobre o nascimento do Menino Jesus. Dezembro é uma época muito fria naquela região e altamente improvável que alguém pastoreie ovelhas na noite gélida. O fato é que a Bíblia não diz, em nenhum momento, que Jesus nasceu no dia 25 de dezembro.

O importante é que a data e a celebração ultrapassam em muito o âmbito dos 230 milhões de cristãos no mundo que comemoram em 25 de dezembro o nascimento de Jesus. Não só cristãos, mas também judeus, muçulmanos, hindus, seguidores de religiões de matriz africana, budistas, kardecistas, sem exclusão de qualquer seita, e mesmo ateus aproveitam, e assim deve ser, a data para a comemoração de valores universais. Os valores de amor ao próximo, respeito, honestidade, humildade e gratidão, pregados por Cristo se amoldam a todos quantos desejam evoluir como pessoa e, a partir de si, criar um mundo melhor. O importante é que estes valores sejam objeto de comemoração, meditação e, mais do que tudo, incorporação ao comportamento diário.

A meu juízo, o importante não são os cultos, as tradições, as ceias e os presentes, embora respeite todas as crenças e rituais. O fundamental é celebrar a mensagem de Jesus Cristo e que cada pessoa procure evoluir para o melhor ser humano que consegue alcançar. Com isto, as pessoas e mundo serão melhores, o que parece um grande presente para todos e para o ilustre aniversariante.