MADURO E A LOJA DE CRISTAIS

Publicada em 15 de dezembro de 2023

Novo artigo de nosso sócio Diretor, Dr. Olindo Barcellos da Silva, publicado no Jornal Gazeta Mineira do dia 15/12/2023

A psicanálise se utiliza dos recursos simbólicos, muitas vezes metáforas, para explicar o que sentimos, falamos e pensamos sobre a vida e o mundo. No geral, as metáforas são usadas de modo inconsciente e influenciam a nossa linguagem falada e escrita, que produz sentidos figurados por meio de comparações. O Presidente Lula, com sucesso, usa e abusa de metáforas futebolísticas e, goste-se ou não, se faz entender com o povo. A expressão “elefante em loja de porcelanas”, com suas variáveis – cristais ou louças –, é uma metáfora que explica o comportamento de gente grosseira, deselegante ou sem nenhuma delicadeza, propensa a fazer um enorme e desnecessário estrago por onde passa.

Quando li que o ditador venezuelano ordenou um plebiscito para anexar 70% do território da Guiana e, não satisfeito, incorporou o território ao mapa da Venezuela, fazendo ensinar, do primário à universidade, que aquela área pertence ao seu país, foi a imagem do elefante na loja de cristais que me veio à cabeça. Não bastou a Maduro, herdeiro do chavismo, terminar com a democracia na Venezuela. Não bastou destruir a economia do país, que era um dos mais prósperos da América Latina, com a riqueza baseada na exportação de petróleo. Não bastou colocar seu povo na miséria e assistir milhões de pessoas fugirem de seu regime e espalharem-se mundo afora, em busca de liberdade e condições dignas de vida. Eu mesmo tive a oportunidade de conversar com venezuelanos nos Estados Unidos, no Chile e no Uruguai. Os relatos de refugiados, que não se conhecem uns aos outros, são idênticos e tristemente chocantes.

Pois não satisfeito em fazer tudo o que fez de ruim com seu país e seu povo, o elefante-ditador agora quer roubar a região de Essequibo da vizinha Guiana. Nem as pedras do calçamento de Caracas acreditam que o plebiscito sobre a anexação e a mudança do mapa são medidas para dar respaldo a uma ação diplomática. Estes movimentos agressivos (imagine-se a Argentina fazendo um plebiscito para que a população decida se uma parte do Brasil lhe pertence), só fazem sentido como preparatórios a um avanço militar. Parênteses aqui para esclarecer que Essequibo é uma região rica em petróleo e recursos minerais. A exploração desses recursos é um ponto de interesse para ambos os países, tornando a região ainda mais estratégica.

Pois o ditador paquiderme não encontrando mais como destruir seu país e prejudicar seu povo, agora pretende desestabilizar a geopolítica da América do Sul, atraindo inclusive forças militares americanas para a Guiana que, a pretexto de protegê-la, ressuscitam o fantasma da internacionalização da Amazônia. De quebra, mandou às favas o aval de Lula junto à comunidade internacional.

Pensando bem, título do artigo é injusto, porque um elefante numa loja de cristais não causaria tanto estrago.