REPATRIAÇÃO DE CÉREBROS

Publicada em 29 de abril de 2024

Novo artigo de nosso sócio Diretor, Dr. Olindo Barcellos da Silva, publicado no Jornal Gazeta Mineira do dia 26/04/2024

É importante e muito positiva a notícia de que o Brasil vai lançar um Programa para tentar repatriar cientistas que foram estudar no exterior e lá ficaram ou apenas fizeram a opção de viver fora do país. Espero que seja um programa efetivo, eficaz e que realmente possa trazer de volta o maior número possível de cientistas. Não é uma tarefa simples, porque a opção destes brasileiros foi tomada a partir de múltiplos fatores: salários bem mais atrativos, melhores condições de trabalho e pesquisa e vida com a família em países mais evoluídos e seguros.

Claro que o Brasil não pode oferecer as mesmas condições que países de primeiro mundo, mas temos que contar também com o apelo afetivo do retorno ao lar. Este programa é daqueles que, se bem sucedido, pode ajudar muito no futuro do país em médio e longo prazo. Por favor, não enfrentemos a questão com a polarização política que tomou conta do país. Vamos lembrar que os Estados Unidos é multicampeão na “importação de cérebros”, o que não é sem motivo. Einstein, para ficar no exemplo mais famoso, era alemão.

O mundo tem quatro pilares de necessidades futuras principais: a segurança alimentar, a segurança energética, segurança climática e o desenvolvimento tecnológico. A segurança alimentar diz respeito à necessidade cada vez maior de produção de alimentos. Nisto, o Brasil é exemplo porque grande exportador de alimentos e com capacidade de aumentar muito mais sua produção, mesmo tendo todos os cuidados ambientais. A Embrapa já em estudos no sentido de que o país pode chegar a uma produção que alimente 2,5 bilhões de pessoas, sem desmatamento. Quanto à segurança energética, o país tem todas as condições para desenvolver energias “limpas”, renováveis como a eólica e a solar, aproveitando sua dimensão e geografia. Podemos produzir e vender energia limpa, abundante e barata, atraindo investimentos internacionais. Com relação à segurança climática, fomos beneficiados pela natureza e não temos eventos naturais ameaçadores como terremotos e furacões, por exemplo.  O problema que precisa ser enfrentado diz respeito com o desenvolvimento tecnológico. Tome-se como exemplo o minério de ferro, em que a China é nosso principal comprador; num segundo momento, o país asiático nos exporta produtos produzidos a partir do beneficiamento deste minério. Logicamente com grande valor agregado, leia-se por um custo muito mais caro. Outro exemplo é o petróleo, do qual o país faz mais de quinze anos é auto-suficiente. Não importamos petróleo, mas precisamos importar combustíveis, por falta de tecnologia e estrutura.

Neste quadro, o retorno de cientistas brasileiros é medida necessária para nossa colocação num quadro mundial confortável quanto ao crescimento e desenvolvimento.